Abujamra – Provocações, Provocações, ainda Provocações. Desde 2000 com esse mesmo fomato de programa. É incrível, mas as pessoas ainda assistem. Mas nós não provocamos. Nós somos provocados. Está aqui hoje um jovem provocador, que mesmo dizendo ser um romantico assumido, fala como o mundo está perdido. Ele tem um humor ácido e cômico, além de postar seus pensamentos e idéias em um blog, o Focalizando Ideias. Ele é... Lucas Mateus, mas escreve com a alcunha de “Lucas, o Kyo.”
(Pensamento: Sabia que nessa hora focalizariam meu rosto. Preferi não comentar, olhando para o Abujamra até que ele me fizesse alguma pergunta.)
Abujamra – Quem é você?
Eu – Um ex-gordo, preguiçoso de vez em quando, “come-quieto” na maioria das vezes e romantico mal amado. Fora isso, uma pessoa de olhar criativo e mente afiada
Abujamra – Só isso? Não tem mais nada?
Eu – Isso é o principal. Profissionalmente como comunicador, não tenho muita história no currículo como meus companheiros de sala. E isso se terei alguma profissão um dia no que eu goste. Pessoalmente, já falei o que sou.
Abujamra – Me diga uma coisa: qual foi a maior imprudência da sua vida?
Eu – Diria que seria a exceção, pois tenho duas imprudências na vida:
A primeira é a Desconfiança. Ao mesmo tempo que eu acho uma virtude para a minha profissão (“jornalista tem a obrigação de não ser ingênuo”, já falava outro professor), as vezes eu extrapolo nisso e que contribuiu para perder alguém.
A segunda: A irreverência. Tanto que eu não consigo me livrar dela. Quem falou que a irreverência combina com a vida prática deve ter mentido em alguma parte. A irreverência, no meu caso, traz a espontaneidade. Mas também já me trouxe perda de emprego, de dinheiro, de contatos e tudo mais.
Se bem que, analisando friamente, fico com a irreverência em detrimento da vida prática.
Eu – Sim, pois posso ser tão confortável, amável e hospitaleiro como uma cama perto da lareira com quem gosto e me trata bem. Como posso tão confortável, amável e hospitaleiro como um iceberg ...
Abujamra – Você prefere uma obra ou um destino humano?
Eu – Prefiro o destino humano. Saber que posso não me tornar nada daquilo que sonhei academicamente e profissionalmente, mas que consiga fazer feliz a pessoa que amo na terra e que fiz meu trabalho bem feito enquanto andar entre os mortais (eu me incluo na categoria), já me será de grande valia. Meu lado budista sempre falava do sacrifício, e que todos nós passamos por provações...
Eu – Prefiro o ser, é tão gostoso o ser quando estamos
Abujamra – Prestígio ou boa morte?
Eu – Nenhum dos dois, não me agrada a idéia de ser louvado como um “mestre” ou a boa morte como escolher o dia e a hora de morrer, parece coisa de suicida sem causa.
Abujamra – Você entra em angústia, Lucas?
Eu – Bastante, há ultima fois a dois mesesatrás, onde uaa angústia quase me fez levar a uma decisão idiota...
Eu – Desistir de tudo que construi, ver que a minha vida tinha perdido o sentido... ter que ver que um sonho que havia criado fora jogado fora. Ou seja, a angústia de começar tudo do zero.
Abujamra – Quando você entra em angústia?
Eu – Quando tenho de escolher entre “ficar parado e quieto” e “agir e demonstrar todo o meu potencial”. Esse tipo de atitude me aconteceu em todos os sentidos que você possa imaginar (sentimental,emocional, pessoal e profissional) e, como falei anteriormente, quase entrei em uma fossa.
Outra coisa que me deixa em angústia é situações desagradáveis. Se tenho de trabalhar em algo que acho chato, fico angustiado. Se tenho de ir a lugares ou me encontrar com pessoas que não gosto, também fico angustiado. Não tenho estômago e saco para as convenções e o nhenhenhém que o mundo exige. “Política de boa vizinhança”? posso até adaptar, mas me fazer pratica-la, nem pensar...
Eu – Sim, e porque não deveria?
Eu – De ambos. Posso dizer que, como uma comunidade que participo do orkut (que até só tem 6 pessoas e sendo eu o único homem, prova disso está no link http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=31804601) "homem quando ama chora". Foram por poucas pessoas que derramei minhas lágrimas, mas aquelas que derramei foram as me mais me marcaram e que mais me deram dor. Realmente acredito que não são todos os homens que demonstram isso, mas como não sou um homem tido como "padrão", posso me dar a esse luxo.
Outra coisa, também nunca sei quando vou chorar ou não.
Abujamra – Já teve algo que se arrendeu de fazer ou de não ter feito ?
Eu – Sim, de não ter dado atenção a quem devia pelo meu medo de cometer um mesmo erro denovo, cometer o erro de corrigir um “bibelô” quando o mais correto era simplesmente criar outro. Isso me custou caro... muito caro por sinal...
Abujamra – Me diga qual o maior equívoco que as pessoas cometem ao falar de você?
Eu – Me tacharem de coisas que não sou como “mentiroso”, “falso”, “traira” e “indigno de confiança”. Às vezes erro como todo homem. Às vezes cometo equívocos. Posso não ser um poço de verdade, mas acredito no direito de defesa e no direito da pessoa falar o que pensa. Já falou Voltaire: “Posso não concordar com nada do que você diz, mas defenderei até a morte o direito de você dize-las”.
Posso afirmar que em alguns momentos me comporto como um crítico de costumes. Um sátiro ou um blefador. Eu quero mesmo é gozar com a cara de tudo e de todos que estiverem ao meu alcance. Pra quê? Nada demais. Só pelo prazer de tirar sarro.
Abujamra – “Para mim é tão odioso seguir quanto guiar”, como dizia Nietzsche.
Eu –“A gaia ciência”, de Nietzche. Já li essa citação uma vez e só acho que essa citação deveria ser “para mim é tão odioso não ser amado quanto não ser respeitado”. Eu não preciso fazer citações para expor meus pensamentos.
Abujamra – “Tudo o que foi bem dito ou bem escrito é meu, eu posso usar”, como dizia Spinoza.
Eu – Outra citação, que também gosto por sinal... e como acadêmico, reconheço muito bem o poder de uma citação. Apesar de que você já fez esta citação inúmeras vezes desde 2000. Como também faz as mesmas perguntas.
Abujamra – Tá, tá, tá! Você veio aqui pra me provocar...
Eu – “Não provocamos, Nós somos provocados”, esqueçeu Abujamra? E outra coisa: qual é o nome do programa mesmo?
Abujamra - Qual o maior autor que você conheceu?
Eu – Lucas mesmo... ou simplesmente Kyo
Abujamra – Você pare de me provocar, garoto!
Eu – Sinceramente... não acredito nessa história de maior autor, posso até ter alguns que marcaram a minha vida como Pablo Neruda, John Milton, Neil Gaiman (com a sua obra-prima "The Sandman") e Todd McFarlane (o desenhista original da série “Spawn: Soldado do Inferno”). Por isso que eu falo que, para mim, eu sou o maior autor que eu conheço. Pode até soar estranho, mas o que importa para mim é o que eu vejo e vivencio. Não sou de citar Morin, Baudrillard, Flusser ou outro qualquer só para manter aquele soar de agradável e erudito junto ao espectador que nos vê. Sobretudo, farei essa concessão a você, Abujamra. Mesmo que eu fiquei angustiado com isso. Um autor que comecei a admirar é Massimo Canevvaci. Gostei dele porque trata justamente o que eu gosto, a cultura urbana e jovem desse novo mundo caótico que estamos vivendo.
Abujamra – E qual o maior autor que você não conheceu?
Eu – Acho que só tem um que eu teria idéia para conversar, e esse autor seria John Milton...
Abujamra – Agora, olhe para aquela câmera e diga o que você quiser, do jeito que você quiser, pra quem você quiser. Enforque-se na corda da liberdade!
Eu – Você s que estão nos vendo, aprendam uma coisa que posso falar por experiência própria: “Não tenha medo de fazer merda, pois ela é quem adubará sua vida.” Todos nós erramos, mas com nossos erros aprendemos a viver e a nos tornarmos pessoas melhores para continuar vivendo. Só pode evitar erros aquele que adquiriu muita experiência, mas só adquire experiência na vida errando.
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