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16 de dez. de 2008

"Da boa ação a ação Boa ": Uma visita ao bairro Alecrim

Pode até parecer engraçado, mas em apenas um único dia eu pude ir de uma cena tanto linda como uma cena que considero deprimente. Acho que pela minha experiência como jornalista até me permitira já estar acostumado com isso (pois lido com vários assuntos ao mesmo tempo, de reencontro de irmãs que não se vêem há quase 30 anos até a "serial killers" que mata homossexuais com um tiro no... é, lá naquele lugar mesmo). Eu deveria estar acostumado com isso, só que algumas coisas ainda me chocam, mesmo eu sendo estranho demais para este mundo.

Esse talvez seja um dos poucos posts que só terá uma foto, pois as fotos que fiz do outro lugar se publicasse aqui neste blog poderia ser censurado ou mesmo ter esse espaço fechado por cenas impróprias para menores de 18 anos. Mas, o que eu realmente queria dizer era que esse fim de semana (sábado e domingo - 13 e 14) eu vi cenas de vários tipos. Da humildade até ao desejo estranho do homem.

No último sábado, as 13 horas, eu mais um grupo de 10 pessoas se reunia na praça do Relógio, no Alecrim, para fazermos uma doação para uma creche do Lar Menino Jesus, situado no mesmo bairro. A creche, que mais lembrava um condomínio, chegou a ficar cheio de tantas crianças quando chegamos com os caixotes. Imaginem uma sala de 150 m² sem ninguém virar um pequeno formigueiro de crianças em menos de 10 minutos? Foi o que vimos quando a Assistente Social chamou as crianças para receber a nossa doação. Doações e doações feitas por mim e pelo grupo que estava participando.

O curioso fora até ver uma criança voltando pra me abraçar forte (mesmo para o tamanho do garotinho) e falando "obrigado pelo presente tio!!!". Na hora, foi até uma cena forte para mim... que até mesmo eu sentia aquele corpo pequeno me apertando com vontade como quem não quisesse largar mais a mim. Sei lá, mas pela primeira vez senti meus olhos encherem d'água. Era a minha boa ação do ano sendo feita? Seria o início de um trabalho voluntário? Não não, acho que a minha vontade mesmo de ser pai e ter um filho (ou seja, esqueçe...)

"obrigado tio!!" (o garoto com a bola na mão, autor da frase)

Depois, algo em torno das 18 horas, saímos do lugar e o grupo começara a se dispersar pelo Bairro. Alguns moravam na Zona Norte, outros na Zona Sul, e eu e mais 4 amigos que iamos para voltar para as Rocas. Um deles até propôs, porque não vamos no Bar Tal? Até perguntei "porque não?" para mim mesmo aquele e foi aquele grupo de 5 pessoas (comigo incluso) para um barzinho perto do cemitério do Alecrim.

De fora, aquele barzinho até lembrava os botecos de cidade pequena, mas de boteco não tinha nada. Ao chegarmos no lugar, o grupo de 5 rapazes fora abordado por lindas garotas. A principio até pensava ser conhecidas dos meninos, mas depois vi do que se tratara: Luz Vermelha no fim do bar, som pra lá de cafona e forró de teclado ao fundo, bebidas baratas e uma mulher coordenando meninas mais novas e distribuindo calcinhas e lingeries. Aquilo não era um bar... era um bordel (ou... para os mais vulgares, um puteiro). "E aí cabeludinho lindo? O que vc tem dentro da calça é tão longo quanto o seu cabelo?", pela primeira vez eu preferi não ter o cabelo grande para ouvir uma cantada dessa.

Depois de um tempo lá, até vi uma mulher mais velha, algo em torno dos seus 40 ou 50 anos. Passara a me olhar e veio até mim (detalhe: eu era o único na porta do bar, pois não concordava em ficar naquele ambiente) e conversara comigo. Depois de 10 minutos de conversa soube quem era a pessoa. Seu nome...ela gostava de ser chamada de "Rose", a cafetina do Bar. Eu acho esse nome familiar... Rose... mas preferi continuar conversar com ela. Aquela conversa de quase 30 minutos me revelara muita coisa sobre ela e aquelas meninas: Garotas (e garotos, que ela me falou que também tinha alguns naquele lugar) que eram pagos para fazer companhia e atenção (e não somente o sexo, como eu apenas imaginara); que algumas meninas dalí não eram apenas pessoas necessitadas, mas sim pessoas endividadas, mulheres-de-malandro e mulheres-de-bandido que também coordenara o lugar; alunas de escolas e faculdades particulares que faziam program para pagar seus cursos; artigos a venda provenientes de furtos a lojas de sex-shop; venda de pessoas do tipo "quem dá mais pra ter uma noite comigo?" (ela mesmo até mesmo leiloara algumas garotas e garotos), e muitas outras revelações que prefiro não comentar.

Prometi a ela que não falaria do lugar, mas depois daquela conversa falei para ela avisar a meus amigos que eu estava indo embora por não gostar desse tipo de coisa. Olhando a cena, até me fez pensar "A quem ponto chegou a humanidade: Ter que pagar para poder ter um momento de desejo com um semelhante". Parece que o efeito do mundo globalizado onde tudo é negócio está até afetando os nossos desejos. E até o engraçado é que isso está se tornando tão comum que perde o seu impacto e, com isso, adeptos dessa prática (e nisso incluo homens e mulheres) que cobram para dar a seu semelhante carinho, amor e sexo.


Como o mundo dá voltas, começar em um lugar que pode ter desgraça mas que vi a beleza. E um lugar onde as coisas belas andam soltinhas e atiradas mas que vi o repugnante nojo e efeito do capitalismo. Quando mais tempo passa.... mais eu vejo que talvez eu não tenha nascido para este mundo, ou que simplesmente posso me assustar cada vez mais.

Bem... o falecido tim maia já falou uma vez:
"O Brasil é o único pais onde:
Prostituta goza...
Cafetão sente ciúme...
Traficante é viciado...
e Pobre é de 'Direita'..."

E depois da charge que eu vi já tem tempo (no link que pode ser visto aqui). Acho que poderia acrescentar mais um trocadilho para a fala acima..." e virgem faz filme pornô".

Acho que era só isso que tinha a dizer neste post de hoje, vejo como mais o tempo passa.... mais eu sinto que as "trilhas urbanas" podem ser bastante produtiva (e que uma cidade como Natal não é tão sem opção e histórias como alguns dizem).

ps: e pra quem tiver preguiça de abrir o link que coloquei acima, pode ver na charge abaixo (Fonte: Charges.com.br)


Serviço:
Creche Lar Menino Jesus (aberta ao público das 14 as 17 horas)
Rua Jaguarari, 1469 - Alecrim
Próximo a Faculdade Câmara Cascudo

1 focalizadas alheias:

Anônimo disse...

Muito interessante o seu texto mas tem um probleminha. A prostituição não é fruto do capitalismo ela nasceu com a humanidade e na verdade pouco se modificou. Ao meu ver, a procura pela prostituição cresce à medida que as fantasias não são satisfeitas ou há aquele medo de pedir a parceira por algo novo. Afinal, prostitutas atualmente não são mais do que simples válvulas de escape de um lado selvagem e secreto de muitos homens.